Caapas

Em 1992, um grupo de organizações de produtores de todo o continente fundou a CONFEDERAÇÃO DE ASSOCIAÇÕES AMERICANAS PARA UMA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL com o propósito de “trabalhar na promoção, desenvolvimento, intensificação e melhoramento do sistema de plantio direto em âmbito nacional e internacional, estimulando e realizando todo tipo de pesquisa, capacitação e estudo econômico, técnico e/ou científico, que tenha como finalidade incrementar os conhecimentos sobre o solo, seu cuidado, seu desenvolvimento e o impacto do meio ambiente, com ênfase na difusão, crescimento e permanente atualização do sistema de plantio direto”.

Constituir uma confederação de associações de produtores de diferentes países que compartilhem a meta de fazer um uso conservacionista do recurso solo que seja economicamente viável e, ao mesmo tempo, sustentável a longo prazo, minimizando os problemas que levam à sua degradação.

Ser uma instituição que promova o sistema de plantio direto, estimulando e fomentando a pesquisa, aplicação и divulgação de tal prática, para que conduza a um melhor manejo do solo e aproveitamento da água.

Desde antes da chegada dos europeus, a agricultura americana se caracterizou por uma grande produtividade e capacidade de inovação para adaptar as técnicas de cultivo às exigências ambientais e demográficas dos povos.

Ao longo da história posterior, a América conseguiu se tornar um dos principais fornecedores de alimentos para o mundo. Nos anos sessenta, a chamada “revolução verde” permitiu, mediante a aplicação de tecnologias, um aumento exponencial dos rendimentos agrícolas, preparando as condições para o avanço do setor agrícola em todo o continente.

Após esse grande salto, os anos noventa viram nascer uma nova revolução técnica, que mudou os paradigmas existentes. Desta vez, o foco estava na conservação e melhoria da estrutura biótica do solo, um recurso fundamental que estava sendo consumido com métodos que, a médio e longo prazo, hipotecavam as possibilidades futuras para a atividade. Assim nasceu o plantio direto, que consiste em suprimir as tarefas de aração como etapas prévias ao plantio. Ao mesmo tempo que se aproveitava a contribuição da palhada, conservava-se a estrutura do solo, gerando condições de umidade ótimas para a nova safra.

Hoje, a América Latina é um dos principais polos de produção de alimentos do mundo. Com 3,5% dos habitantes do mundo, produzimos 15% dos grãos e 12% das carnes (bovina, suína e de frango) que o mundo consome.

Não é por acaso que esse impulso teve origem em nosso continente, já que pelo menos dois terços das terras cultivadas com plantio direto no mundo estão na América.

O conhecimento e a experiência acumulados em todos esses anos estabeleceram as bases para ir além dos limites de nosso continente e convocar produtores de todo o mundo a se juntarem às práticas que permitem potencializar as capacidades do solo.

O crescimento da agricultura de conservação é uma engrenagem fundamental desse papel continental. Porque não só protege os solos cultivados, mas, ao potencializar os rendimentos, tornou-se um aliado estratégico da conservação dos ecossistemas nativos, como florestas, selvas, pântanos e pastagens naturais.

Produzir de forma sustentável é uma enorme contribuição que a América pode dar para superar as ameaças atuais e futuras. A CAAPAS é uma rede que, ao longo de todo o continente, conecta os principais atores da agricultura para tornar realidade as transformações que o agronegócio americano precisa para ser mais produtivo e sustentável.

Mas, para cumprir melhor essa missão, devemos crescer e somar vontades. Precisamos que cada vez mais produtores incorporem nossas práticas, que os governos estimulem a agricultura de conservação, que as empresas desenvolvam tecnologias que melhorem os rendimentos, para que a mudança ganhe mais força e consiga transformar realmente a vida das pessoas. Não estão em jogo as nossas ideias, está em jogo o futuro do planeta.